Gangsta Paradise 8

Texto: Elaine Mafra
Fotos: Elaine Mafra e Zezinho Kintê
Vídeo: Hugo Marques

Na noite de 22 de março a sede da Gaviões da Fiel, no bairro de Bom Retiro em São Paulo/SP, foi sede de um dos mais importantes eventos de Rap no Brasil. O Gangsta Paradise, que esta na oitava edição, reuniu um publico fiel, muitos deles que acompanham o evento desde a primeira edição que foi em agosto de 2011.

A oitava edição do Gangsta Paradise foi marcada pelo lançamento do DVD “Eternamente”, do grupo Detentos do Rap, formado por Daniel Sancy, Maurício DTS e DJ Colina. O show começou com um vídeo de abertura da música “Sequestro”, o mesmo que é usado no DVD. A expectativa para o início do show era grande, mas infelizmente o som falhou neste exato momento e o som dos microfones de Maurício DTS e Daniel Sancy não chegavam para o público. Mas esse tipo de obstáculo é pouco para desanimar este trio de guerreiros que tem uma história de muitas lutas. Bastaram alguns minutos para que o problema fosse resolvido e eles voltaram ao palco, ainda mais animados, para então começar o show. Dessa vez foi a música “O Juiz + Justo é Tempo” a escolhida para abrir o espetáculo.

PARTICIPAÇÕES

O Detentos do Rap tem uma ligação muito forte com os fãs e a cada nova música a emoção que ia do palco para o público era devolvida em dobro. E foi nesse clima que Ferréz foi chamado ao palco, ele foi a primeira de uma séria de participações que abrilhantaram ainda mais o show do Detentos do Rap. Ferréz tem o dom da palavra, como poucos. Ele vai direto ao cerne do problema e a mensagem que ele passa em seus discursos é sempre muito valida para encorajar e fazer com que o público reflita sobre sua condição na sociedade. O escritor finalizou sua participação recitando os versos de “Datilografo do Gueto”.

A segunda participação no show do Detentos do Rap foi de Mano Reco, que já integrou o grupo. Reco participou dos CDs “O pesadelo continua” (2000), “Quebrando as algemas do preconceito” (2002), do DVD “Detentos do Rap – Ao Vivo” (2003) e do CD “Amor só de mãe, o resto é puro ódio” (2004). Depois desse trabalho Mano Reco se converteu e saiu do Detentos do Rap, mas retornou em 2000 e participou do CD “O Juiz + Justo é o tempo”. O público curtiu muito ver no mesmo palco, novamente, Detentos do Rap e Mano Reco, que cantou “A ideia é forte” e  “Baseado em fatos reais”.

O Negredo também chegou para somar no show do Detentos do Rap. MC To, Ylsão e DJ Ale levaram para o palco do Gangsta Paradise 8 o tema racismo, com a música “Coruja”, na qual Maurício DTS participa. Mano Ti participou com suas rimas afiadas e empolgou o público com sua levada rápida. Encerrando as participações, o grupo Hórus voltou aos palcos depois de sete anos parado. “Missão Cumprida” foi a música que marcou a volta de Mandrake e Carlão.

GANGSTA PARADISE

O Gangsta Paradise é uma tradicional festa de rap organizada por Douglas e DJ Bola 8, integrantes do Realidade Cruel. A primeira edição foi realizada em agosto de 2011, na Green Express, que fica no centro de São Paulo. As outras festas foram na Quadra da Peruche, mas o local já estava ficando pequeno para o grande público que comparece no Gangsta Paradise, que dessa vez foi realizado na quadra da Gaviões Fiel.

O Gangsta Paradise já é conhecido por apresentar numa mesma noite shows com os principais artistas do rap nacional. Dessa vez, além do Detentos do Rap que lançou o DVD “Eternamente” durante a festa, também passaram pelo palco o Sem Meia Verdade, que teve a responsabilidade de abrir a noite. O grupo mineiro vem já algum tempo lutando por um espaço no cenário do rap nacional e fico muito feliz ao perceber que o público cantou junto as músicas “ Cara Fechada”, “Deixa Baixo” e “Eu e Meu Irmão”. Nocivo Shomon, que representa uma nova geração do rap, veio na sequencia com suas rimas que agradam tanto quem aprecia um rap mais tradicional, como aqueles que pregam a evolução musical. Na verdade, ele canta os velhos problemas sociais que o rap denuncia há anos, só que de uma maneira inovadora e por isso vem desbravando um caminho novo no rap.

Quem também marcou presença na oitava edição do Gangsta Paradise foi o Facção Central, que depois da saída de Eduardo segue firme com a nova formação. Dum Dum, Moysés, Bihel e DJ R-15 provaram que, apesar da mudança, o grupo continua com o mesmo peso nos sons. Destaque para a música “Pra Vocês Faccionários”, que marca esta nova fase do grupo.

Consciência Humana fez o público cantar clássicos do rap nacional e também sucessos do novo disco “Firma Forte”. Junto com eles, e representando muito bem as mulheres, a guerreira Lauren, que durante anos integrou o Visão de Rua, junto Dina Di. Para surpresa geral, os gangsters de Campinas do Sistema Negro subiram no palco e cantaram Verão na V.R.

Realidade Cruel, anfitrião da noite, fez um show memorável e incendiou a quadra da Gaviões da Fiel com suas rimas precisas e batidas pesadas. É dificil dizer quais músicas empolgaram mais o público, mas arrisco em “Liga Nóis”, “Refém da Amnésia” e “Resgate”. Para fechar a noite, direto de Brasília, Gog. O poeta do rap nacional mostrou porque é um dos mais importantes letristas brasileiros. O show começou com o clássico “É o terror”, passando por “O amor venceu a guerra”, “Brasília Periferia”, “Brasil com P”, entre outras que emocionaram o público do início ao fim. A apresentação de Gog, no Gangsta Paradise 8, ficará marcada para sempre na memória de quem aguentou até as 6h da manhã para prestigiar esse belo espetáculo.

 

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