Alan do Rap: "Aos meus inimigos eu deixo a paz"

“Vi ontem um bicho. Na imundície do pátio. Catando comida entre os detritos.” Manuel Bandeira

 

Esse bicho a qual o poeta se refere era nada mais que o bicho Homem. Vivemos em um sociedade cada dia mais competidora, capitalista, individualista e selvagem. Poucos se importam com o humanismo, o direito do outro. O que importa é o poder. Na sexta-feira, como já relatei neste blog, ocorreu uma chacina na Av. Jorge Amado. 4 corpos foram encontrados. Muitos não devem ter se importado por serem denominados de mendigos, mas o que é mendigos? Um indivíduo de carência material que não consegue garantir sua sobrevivência com meios próprio? Bem, a sociedade o vê como um animal menos digno do que os cachorros. Um ser que se perder a vida é menos uma sujeira na calçada.

Parece perverso o que digo, mas perverso mesmo é o que fazem com esses seres humanos que vivem a margem da sociedade por falta de oportunidade. As drogas tem um pouco a ver com alguns, mas para chegar nas drogas também existiu razões a serem debatidas. No entanto, não estou aqui para discutir como se chega a ser e o que é ser um mendigo, estou aqui para pontuar que os 4 corpos encontrados eram 4 seres humanos, com desejos, sonhos, emoções como qualquer outro ser humano e um deles, um jovem conhecido: Alan do Rap

O morador de rua Alan do Rap, nasceu em Canavieiras, interior da Bahia. Artista que teve seu trabalho divulgado através do vídeo dirigido por Diego Lisboa no último festival de cinema de cinco minutos em Salvador.

Já cantou em palcos com: Alpha Blondy, Mano Brown e Os Racionais. Atualmente o seu corpo encontra-se no IML impossibilitado de ser enterrado, pois é necessário que um familiar reconheça o corpo para este ser liberado e não ser enterrado como indigente. Alan no vídeo do cineasta Diego Lisboa disse “que um dia eu venha retribuir com lagrimas de felicidades, a eles me verem num palco, a eles me verem numa TV, não como marginal, não num destaque de… como marginal… mas sim como destaque como um bom artista…” Esse era um desejo do músico, no entanto a última representação na mídia foi como um mero mendigo morto numa chacina durante a greve dos PM´s da Bahia.

Mas certamente, está não será a última exposição da imagem do músico, seu sonho caminha em direção a um filme, pois a produtora Cavalo do Cão acompanhou a trajetória de sucessos e derrotas do Alan durante 9 anos e logo em breve ira apresentar um longa contando a história dele, como informou o diretor Diego Lisboa em sua pagina de facebook.

“Queria eu está ai com vcs agora, bebendo um bom vinho, tocando violão, fumando meu cigarrinho, né? Dando muita gargalhada a luz da lua, mas infelizmente eu to aqui num porão, tudo escuro, só grade…” Alan

Em seu corpo um recado provando ser um humano de sensibilidade: “Aos meus inimigos eu deixo a PAZ”

 

Texto: Roberta Couto

Fonte: correionago

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