“Triunfo a Sabotage” reúne grandes nomes do hip hop em São Paulo
Por: Alex Nicolau
Na última sexta-feira (10), o SESC Campo Limpo foi palco de homenagens a dois dos mais importantes nomes da cultura hip hop no Brasil: Nelson Triunfo e Sabotage. O evento, chamado “Triunfo a Sabotage”, foi uma noite de debate com a presença dos biógrafos dos artistas homenageados e música ao vivo sob o comando de KL Jay (Racionais MC’s), Sandrão RZO e Rappin’ Hood.
O evento começou com um bate-papo sobre o processo de produção dos lançamentos que contam a história de Sabotage e Nelson Triunfo. Gilberto Yoshinaga, autor do livro “Nelson Triunfo, do Sertão ao Hip Hop”, lembrou como surgiu, de forma inusitada, a ideia de contar a história de um dos precursores da cultura hip hop no Brasil. “Eu sonhei que escrevia a biografia do Triunfo, e quando acordei pensei que fazia todo sentido transformar aquele sonho em realidade”, diz o escritor.
Toni C., autor de “Sabotage – Um Bom Lugar” ressaltou a ajuda da família do rapper no processo de apuração do livro. “Eu lembro de ter conversado com o ‘Sabotinha’ (Wanderson dos Santos, filho do Sabotage) sobre o quanto eu queria escrever a história do pai dele. E a família foi de extrema importância no processo de pesquisa”, afirma o biógrafo. Ele recorda que no dia da morte de Sabotage teve a missão infeliz de ser o porta-voz da notícia para os amigos. “Hoje me sinto honrado por ser um dos porta-vozes da história dele, depois de mais de 10 anos daquele dia triste”, disse.
O diretor do filme “Sabotage – O Maestro do Canão”, Ivan 13P, lembrou das opiniões divergentes dos mais próximos, na época em que começou as primeiras gravações do filme, com Sabotage ainda vivo. “As pessoas me perguntavam: ‘Você é maluco? Fazer um filme dentro da periferia sobre rap?’”. O cineasta comemora o surgimento de novos materiais sobre nomes que fizeram história no hip hop nacional. “A molecada nova que ouve rap precisa saber quem construiu esse chão. E a tendência é que daqui 50 anos esses trabalhos sejam mais relevantes ainda”, ressaltou.
O próprio homenageado, Nelson Triunfo, também marcou presença no debate, e entreteu a plateia contando histórias sobre seu passado, como as dificuldades de fazer parte do movimento black nos anos 70. O músico e dançarino evidenciou a importância das biografias que, segundo ele, são o retrato dos verdadeiros heróis da história do Brasil. “Estes são os livros que as crianças devem ler nas escolas, em vez de consumir o que a grande mídia está impondo para o povo”, afirmou.
O filho de Sabotage, Wanderson dos Santos, foi convidado a representar o pai no bate-papo e comentou sobre os novos projetos envolvendo o rapper: “Vamos lançar um novo CD póstumo, com músicas inéditas dele. O lançamento está previsto para junho deste ano”.
Após o debate, a pista ficou livre para a festa, e o público se aproximou do palco para dançar ao som da discotecagem comandada por KL Jay. Em seguida, juntaram-se a ele Sandrão RZO e Rappin’ Hood, que juntos cantaram músicas já conhecidas de seus repertórios, como ‘Us Guerrero’ e ‘Rap o Som da Paz’. E não podia ser diferente: Sabotage foi homenageado pelo rappers, com o refrão de ‘Rap é Compromisso’. Quase no fim da apresentação, Nelson Triunfo também subiu ao palco, soltou a cabeleira e entrou na dança com os amigos.
Confira algumas fotos de Alex Nicolau e Cida Costa:
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